Canindé Costa
"O homem é por natureza um animal político". Com essa frase Aristóteles, grande filósofo clássico do pensamento grego, terminava um exaustivo e importante estudo sobre natureza humana e Política. Como Aristóteles, muitos foram os que se aventuraram a conhecer as forças regentes da sociedade e os meios de organizá-la.
Em nossas aulas de Teoria Política era interessante e instigante desvelar o pensamento de clássicos e contemporâneos acerca da Arte dos governos. Era curioso também notar o cuidado e a habilidade com que pensadores da Política tratavam o tema, como escondiam nos detalhes as partes mais significantes da ideia, tão valiosa para nós estudantes de graduação.
Entre esses autores, tivemos a oportunidade de conhecer o trabalho da pensadora e filósofa alemã Hannah Arendt, que tratando de Política em seus estudos dizia que "o sentido da política é a liberdade". Fustigada pelos horrores que a Segunda Guerra Mundial promoveu - principalmente porque era judia - Arendt esperava que a Política tivesse esse aspecto redentor e democrático tão desejado na contemporaneidade. Dizia ela: ""A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo maior para a sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio". Numa visão por vezes romântica do mundo político, Arendt era otimista e entendia que A Política devia ser democrática e não tirânica, redentora e não opressora.
Todo esse esforço intelectualizado das Academias e Universidades pareceu não se popularizar muito em sociedade. Tivemos importantes conquistas pelo mundo, mas em terras tupiniquins, a escolha de representantes ainda passa longe do ideal grego de Política. Vemos atualmente, distorções a esse respeito quando não se vive com a Política e sim sob a política. Explico: encontramos sujeitos que empenham sua inteligência, seus bens, sua família e grande parte do seu tempo - talvez a vida toda - por um lugar, nem que seja de coadjuvante, na novela da política brasileira. Podem, são capazes de caminhar independentes, mas subestimam seu potencial tornando-se dóceis cordeiros na mão de poucos lobos.
Os clássicos da Política já nos mostram que é impossível vivermos sem ela ou fora dela; só não dizem que devemos ser escravos de um sistema político. Porque assim sendo, a política perde sua razão de ser e vira instrumento de opressão. Os clássicos contam boas histórias sobre a Arte da escolha, seus benefícios e até armadilhas, mas não alienam nem submetem os indivíduos. Se para Hannah Arendt a reflexão leva a teoria de que "o sentido da política é a liberdade", para nós isso deve ser bastante prático, convertido em plena autonomia, digna de homens e mulheres do século XXI.
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