quarta-feira, 7 de abril de 2010

A Bola de fogo

Salete Pimenta Tavares


Já era noitinha, após o jantar, estava eu sentada em um dos enormes bancos de madeira existentes no alpendre da Fazenda Quixaba, onde eu morei por dois anos, ouvindo aquelas famosas histórias de alpendre, quando, de repente, comecei a ver um fogo em forma de bola, do tamanho mais ou menos de uma bacia pequena; o tal fogo se deslocava de um lado para o outro, ou desaparecia por alguns instantes, voltando em seguida. O medo tomou conta de mim (pensei até em coisas do outro mundo, ou seja assombração, como costumamos falar), e sem querer dizer nada, fiquei observando se alguém mais estava vendo aquele fogo. Como ninguém se manifestou em falar sobre o mesmo, me atreví a perguntar:
- Gente, vocês estão vendo aquele fogo alí no pátio, perto do pé de aroeira? (acho que era de aroeira).
- Não, não estamos, foi voz geral. Aí o medo foi crescendo, crescendo..... Com certeza, as pessoas que ali se encontravam já estavam acostumadas com esse fenômeno, pois não apresentaram nenhuma reação. Quanto a mim, o medo crescia cada vez mais e eu insistí na pergunta: vocês não estão vendo aquela bola de fogo no fim do pátio? – Não, foi novamente a resposta.

Enfim, quando todos perceberam o medo estampado no meu rosto e a minha aflição por não saber do que se tratava, foram, finalmente me explicar o significado daquela bola de fogo. Era o chamado “fogo-fátuo”, que, segundo o Dicionário LAROUSSE ESCOLAR da Língua Portuguesa, 1ª Edição Brasileira: 2004, é uma chama leve e fugaz produzida pelas emanações de fosfato hidrogênio espontaneamente inflamável de matérias orgânicas em decomposição. Geralmente ocorre em pântanos, brejos, sepulturas, etc. Nos pátios das fazendas, isso ocorre, devido a morte de animais ou outros bichos, onde as vísceras, degetos, etc, alí se acumulam provocando o tal “fogo-fátuo”.

Os fogos-fátuos, também chamados de fogo tolo e fogo corredor, dão orígem a muitas superstições populares. Onde eles aparecem há folclore e histórias de criaturas como espíritos e fantasmas.

Um exemplo disso no Brasil é o “Boitatá”, que segundo a lenda é uma gigantesca cobra de fogo que espanta e come pescadores que prejudicam a vida dos peixes e das lagoas e mata quem destrói as florestas. No folclore galês é o “PWCA”, uma criatura com cabeça de corvo, cauda de macaco e corpo de fumaça. Já o “Kelpie”, segundo pesquisa na Internet, é a alma de um animal transformada em cavalo; é um cavalo prateado que só aparece em noites de luar e vive em grandes lagos. Outras lendas ainda existem referentes ao fogo-fátuo.

“O Saber a gente aprende com os mestres”.

“A Sabedoria, se aprende com a vida e com os humildes”. (Anônimo)


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Salete Pimenta Tavares é escritora e articulista do Jornal "Zona Sul".

Um comentário:

  1. No sertao de alagoas eu ja vi como muitos da minha epoca tb viram, no ano de 1981.
    isso não é elenda pessoal, o fogo existem eu tive uma experiencia que quase morrir pelo susto que passei, no dia que fui seguido pela tocha de fogo conhecida popularmente fogo corredor, era por volta das 20:oohs , foi apavorante, a tocha surgiu de uma roça de palma grande, e veio em minha direção, eu tentava correr minhas pernas nao tinha força ficaram fraca devido medo, foi apavorante mau conseguir entrar dentro de casa caindo no chão da sala sem força nas pernas no momento a minha familia jantava eu sem voz nao conseguia falar so tremia e a pontava pro lado de fora onde aluz continuava a rondar em volta casa por alguns minutos depois desapareceu, nunca esqueci desse dia até hoje lembro claramente pessoal a coisa e feia ela suga toda sua energia fiquei muito mau depois.

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