Hoje o nosso calendário reserva data comemorativa ao Índio, expressão mais nativa de nosso Brasil. O blog O Alpendre faz memória a esse povo, tão nobre e por vezes, tão injustiçado diante da colonização estabelecida aqui pelo europeu. Separamos aqui um trecho do célebre romance indianista de José de Alencar "Iracema", importante relato do contato do branco com o índio em terras tupiniquins.
"O grande chefe pitiguara levou além o formidável tacape. Renhiu-se o combate entre Irapuã e Martim. A espada do cristão batendo na clava do selvagem, fez-se em pedaços. O chefe tabajara avançou contra o peito inerme do adversário.
Iracema silvou como a boicininga; e arrojou-se contra a fúria do guerreiro tabajara. A arma rígida tremeu na destra possante do chefe e o braço caiu-lhe desfalecido.
Soava a pocema da vitória. Os guerreiros pitiguaras conduzidos por Jacaúna e Poti varriam a floresta. Fugindo, os tabajaras arrebataram seu chefe ao ódio da filha de Araquém que o podia abater, como a jandaia abate o prócero coqueiro roendo-lhe o cerne.
Os olhos de Iracema estendidos pela floresta viram o chão juncado de cadáveres de seus irmãos; e longe o bando dos guerreiros tabajaras que fugia em nuvem negra de pó. Aquele sangue que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia nas faces de vergonha.
O pranto orvalhou seu lindo semblante.
Martim afastou-se para não envergonhar a tristeza de Iracema."
José de Alencar (Iracema, capítulo 18)
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