quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Uma hipótese de humanidade

Agosto 23, 2010 por Fundação José Saramago

Talvez a história do homem seja um enorme movimento que nos leve à humanização. Talvez não sejamos mais que uma hipótese de humanidade e talvez se possa chegar a um dia, e esta é a utopia máxima, em que o ser humano respeite o ser humano. Para chegar a isso se escreveu o Ensaio sobre a Cegueira, para perguntar a mim mesmo e aos leitores se podemos continuar a viver como estamos vivendo e se não há uma forma mais humana de viver que não seja a da crueldade, da tortura e da humilhação, que são o pão desgraçado de cada dia.

“Escribí para saber si hay una forma más humana de vivir que no sea la crueldad”, La Voz de Lanzarote, Lanzarote, 25 de Junho de 1996

FONTE: http://caderno.josesaramago.org/

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO PARTICIPAM DE SEMINÁRIO DE SOCIOLOGIA E FILOSOFIA


(Professores Marcos Roberto, Canindé Costa e Gerlânia Morais ao final do evento)
(Professores Marcos Roberto, Canindé Costa e Gerlânia Morais aguardando a abertura do evento no Auditório da Biblioteca Municipal Ney Pontes - Mossoró)
(Professores Canindé Costa, Gerlânia Morais e Marcos Roberto, durante a Oficina de Sociologia)
Durante os dias 09 e 10 de agosto, realizaou-se o SEMINÁRIO SOCIOLOGIA E FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO: REFLEXÃO E PRÁTICA DOCENTE EM AÇÃO, realizado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Norte, através da Secretaria do Estado da Educação e da Cultura, sob a coordenação da UERN E UFRN, na Biblioteca Municipal Ney Pontes, em Mossoró.
Este foi o primeiro de uma série que serão realizados em todos os Pólos da Educação Estadual.
"Este Seminário teve como foco a discussão sobre a obrigatoriedade da inclusão das disciplinas de Sociologia e Filosofia, à luz da nova legislação conforme Decreto 038/2006, no contexto da Educação Básica Brasileira " e durante esse dois dias, os professores Marcos Roberto e Gerlânica Morais, da Escola Estadual "Sebasião Gurgel" e Canindé costa, da Escola Estadual "Prof. Lourenço Gurgel", participaram efetivamente desta formação que foi considerada por todos muito boa e de relevância fundamental para o trabalho com nossos alunos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

DIREITOS HUMANOS E SOCIEDADE: O BEM AMADO


ImageEleonora Rosset

O Brasil quer rir do Brasil?

Guel Arraes, o diretor do filme “O Bem amado”, pensa que sim e explica, em uma entrevista que deu a Luis Carlos Merten:

“... O que me atrai é o humor. Até por ter convivido internamente com esse mundo da política, sempre fui atraído pela peça de Dias Gomes (1962) que deu origem à novela (1973) e à série (1980). Odorico Paraguaçu virou o emblema do político brasileiro. Existem muitos Odoricos por aí e eles acham o personagem divertido, são os primeiros a rir. Mas nenhum assume que Odorico é o retrato deles, daí o meu desejo de fazer o filme.”


Vindo da televisão (Armação Ilimitada), o diretor de “Lisbela e o prisioneiro” e o “Auto da Compadecida”, filmes onde o lirismo conversava com a graça do nordeste do Brasil, em “O Bem Amado” quer falar de política. Diz ele na mesma entrevista:

“Era o personagem que me interessava, o retrato que ele fazia do Brasil. O país mudou. O Odorico da ditadura não podia ser o mesmo da democracia. E com ele mudou tudo. A sátira política virou uma farsa.”

E, realmente, o Odorico de Marco Nanini é muito diferente do de Paulo Gracindo que marcou época com seu terno de linho amarfanhado e charuto na boca.

Agora o cabelo é daquela cor alaranjada duvidosa, o prefeito veste-se de maneira espalhafatosa e usa colete, chapéu, cartola, comendas e anéis. Mais para o patético e ridículo.

Os tempos são mesmo outros e o narcisismo desabrido ataca o prefeito Odorico e faz disso a sua marca. Pavão misterioso?

Do antigo Odorico o novo só conservou o linguajar pitoresco que o povo copiava nos anos setenta e a obsessão de inaugurar o cemitério, custe o que custe. Sua administração também é marcada por todos os defeitos da politicagem e Guel Arraes, que também assina o roteiro, dá destaque às práticas fraudulentas que tanto alimentam as manchetes escandalosas dos nossos jornais.

As engraçadas Cajazeiras, senhorinhas carolas e alcoviteiras do passado, são agora três irmãs solteiras tão espalhafatosas quanto o prefeito que, querendo ser “sexy”, se insinuam para qualquer macho que apareça mas preferiam mesmo o lugar de primeira dama de Sucupira ( Andréa Beltrão, Zezé Polessa e Drica Morais).

O público de “O Bem Amado” se diverte, principalmente aqueles que só gostam de rir, mas há momentos em que o ritmo do filme, muito acelerado mas repetitivo, cansa.

O elenco estelar de atores da Globo está à altura do que é pedido pela trama. São todos profissionais competentes e bem dirigidos.

Para mim, o ponto alto fica a cargo de José Wilker, que faz o cangaceiro Zeca Diabo com alma. Tem o mérito de resistir à caricatura e ser o personagem mais contundente do filme.

As paisagens de Alagoas, brevemente mostradas, dão vontade de viajar e conhecer as águas turqueza e as falésias de areia, tão fotogênicas.

E a trilha sonora sem defeito vai de Caetano Veloso, Zélia Duncan, Zé Ramalho e Jorge Mautner. Uma delícia.

Guel Arraes, filho do ex-governador Miguel Arraes, figura de proa na oposição à ditadura militar, faz uma bela homenagem a seu pai mostrando-o no grande comício das “Diretas já”, que foi um momento importante na reconquista da democracia no Brasil.

Talvez esse seja o momento mais tocante do filme quando se vê que não só de Odoricos vive a política brasileira.

E mais ainda, eu diria que pensar nas próprias “maracutaias” não faz mal a ninguém. Isso não é privilégio dos políticos. Rir é bom e eu gosto mas por que não tirar conclusões mais amplas desse filme em tempo de eleições importantes no nosso país?

Eleonora Rosset é psicanalista.


Ficha técnica:

Image “O Bem Amado”
Brasil, 2010
Diretor: Guel Arraes
Elenco: Marco Nanini, Matheus Nachtergaele, José Wilker, Tonico Pereira, Caio Blat, Maria Flor, Andréa Beltrão, Drica Moraes, Zezé Polessa, Irmã Cajazeira, Bruno Garcia, Ernesto Edmilson Barros
Roteiro: Cláudio Paiva e Guel Arraes - Baseado na obra de Dias Gomes
Produção:Paula Lavigne
Música: Caetano Veloso, Mauro Lima, Berna Ceppas e Kassin
Fotografia:Dudu Miranda e Paulo Souza
Site oficial: http://www.obemamado.com.br
Em cartaz

Veja o Trailer

FONTE: BLOG DO ZÉ http://www.zedirceu.com.br