quarta-feira, 31 de março de 2010

Cuidado! Saiba o que seus filhos estão ouvindo!

Léo Sales
A música é um meio de comunicação que atinge a todos na sociedade. Em muitos casos a música nos traz alegria e nos faz refletir sobre nossas atitudes no dia a dia. Mas ultimamente, temos visto que algumas músicas tem se transformado em verdadeiras armas perigosas para nossos crianças e adolescentes que estão em fase de formar ideias. Músicas que fazem apologia a bebidas alcoolicas, incentivam a pratica do sexo, descomprometimento com o casamento e etc.

Hoje é comum ouvirmos em vários ambientes músicas que só falam em bebida alcóolica, sexo, prostituição, farras e outras coisas que sabemos que não está no padrão de uma vida saúdavel e feliz. Essas músicas acabam chegando aos ouvidos dos nossos jovens e crianças que estão num processo de formação moral e se deixam influenciar.

Cabe a nós, pessoas conscientes não deixarmos que esse tipo de musica venha a influenciar a vida dos nossos adolescentes e crianças, e até mesmo a você . Vivemos em um país que é  riquissímo em música de qualidade, com conteúdo que vem a acrescentar coisas boas e  ideias que nos ajudam a viver melhor na sociedade.

Léo Sales é estudante e músico.

terça-feira, 30 de março de 2010

Alguns jornaizinhos que fiz em Caraúbas

Anchieta Fernandes

3 – Juventude. Como eu já informei, fiz 3 números do jornal O Juvenil em 1955. Na época a cidade de Caraúbas era muito diferente de hoje. Não tinha bancas ( de vender revistas e jornais ), não tinha quase nenhum movimento artistico e literário. Daí me veio o desânimo: fazer jornal para que e para quem?

Mas, passados cinco anos, o vírus de fazer jornal tomou conta de mim de novo. Contudo me veio uma dificuldade: meu pai foi aposentado como escrivão em fevereiro de 1960, e, como era hábito na época, os escrivães que se aposentavam podiam vender os objetos do cartório, que não eram propriedade oficial, pois todos eram comprados pelos próprios titulares. E aí: cadê a velha máquina de escrever, para “imprimir” datilograficamente o meu jornal, se já estava vendida e entregue ao novo escrivão, José Soares Filho?

O “estalo” de Vieira me sugeriu: fazer o jornal manuscrito ( aliás, para quem não sabe, é bom dizer: muita gente boa da política e dos meios de comunicação, fez seus jornais manuscritos quando adolescentes, como, por exemplo, o ex-presidente Café Filho, responsável pelo surgimento de dois jornais manuscritos em Natal: em 1916, O Bonde; e em 1918, A Gazeta ).

Como eu ainda tinha no pensamento publicar jornais para os jovens, a partir de março de 1960, em Caraúbas, comecei a fazer o jornalzinho manuscrito Juventude. Escrevia as matérias em folha de papel comum, pautado.Ora usava caneta de tinta azul, ora caneta de tinta vermelha. O jornal tinha um artigo doutrinário na primeira página, crônicas, poesia, e a página de “Variedades”, subdividida em “Humanismo”, “Curiosidades”, “Pensamento” e “Trova”.

Com a publicação, por etapas, do poema de cordel “Os Sinais do Fim do Mundo”, que o autor ditou para mim no alpendre da velha fazenda Quixaba, de propriedade do meu tio Assis Fernandes, iniciei uma nova página: “Folclore”. O autor de “Os Sinais do Fim do Mundo (Luxo, Escândalo e Carestia)”, improvisando na hora para mim era o jovem trabalhador da fazenda, Pedro Francisco.

Meus irmãos Kerginaldo, João Charlier e Fernando colaboravam com o jornal, Kerginaldo escrevendo artigos sobre politica internacional ( na época ele era assinante da revista carioca “Visão”, que tinha muito deste teor, de comentários sobre política internacional ) e João Charlier e Fernando dando contribuição na parte de crônicas e poesia. Quando nossa família veio morar em Natal, em 21 de abril de 1960 ( data em que Brasília, a capital do país, estava sendo inaugurada ), eu continuei a fazer Juventude na capital do Estado, circulando o último número em junho de 1961. Depois em Natal, colaborei em jornais e participei da fundação de jornais, mas dos quais não interessaria falar nesta série de artigos , que aquí se encerra.

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Anchieta Fernandes é escritor e editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”.

segunda-feira, 22 de março de 2010

E se fosse o Rio Grande do Norte?

Elinaldo Linhares

Temos acompanhado na imprensa nacional um festival de reportagens que tratam da polêmica questão da partilha dos Royalties do petróleo do pré-sal, que são recursos pagos a Estado e Municípios produtores de petróleo, recursos esses que são uma compensação que as empresas exploradoras pagam devido aos riscos da atividade.
No modelo atual os Estados e municípios recebem pelo que é retirado do seu subsolo e mar territorial, quem produz recebe, quem não produz não recebe nada. Com a nova proposta de Emenda a Constituição que tem como relator o Deputado Federal Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) essa partilha seria feita de modo diferente, a maior parte da verba será distribuída em partes iguais para todos os Estados e Municípios, produtores ou não, vale lembrar que na forma antiga de distribuição ou na atual a fatia que cabe ao Governo Federal fica inalterada com 40% de tudo que é pago.
Nos últimos dias, os meios de comunicação, principalmente os do Estado do Rio de Janeiro, estão divulgando diariamente reportagens que tratam deste assunto, lógico sempre colocando em primeiro lugar os interesses deste Estado.
Em uma outra frente estão os políticos do Rio que ficaram extremamente abalados com essa derrota na Câmara Federal, até o Governador chorou em frente as câmeras, “Foi um linchamento” disse Cabral em meio a lágrimas e soluços, ainda deu ponto facultativo em um dia normal de trabalho para poder juntar, no primeiro dia a policia falou que foram 80 mil e no outro 150 mil pessoas, para protestar contra essa injustiça. E agora se vê uma troca de acusações e palavras ásperas entre esse e o Deputado Ibsen Pinheiro nos mais diversos veículos de comunicação. Até o comitê que organiza os Jogos Olímpicos de 2016 já saiu dizendo que se o Rio perder esses recursos os jogos estarão comprometidos.
Isso tudo faz-nos parar um pouco para pensar, e se um Estado nordestino, ou mesmo o Rio Grande do Norte fosse o maior produtor de petróleo do Brasil? Será que esses mesmos que pregam tratamento “Justo” com os Estados produtores não estariam ai na TV querendo uma fatia maior deste bolo e dizendo “O petróleo e do Brasil? Pois é caros leitores isso seria possível? O nosso Estado tem um histórico não muito remoto de perdas, uma das que eu considero mais importante foi deixar que Fernando de Noronha tenha sido “levada” a ser de Pernambuco, que é geograficamente mais longe do que o RN. Outro fato a se analisar foi “guerra fiscal” ocorrida até nos nossos dias, onde os estados com o objetivo de atrair industrias para seu território levavam a quase zero as alíquotas de ICMS cobrados destas empresas por um longo período. Enquanto essa disputa ficou no centro-sul ninguém ia a lugar nenhum reclamar, quando a Bahia entrou e começou atrair grandes montadoras de automóveis e outras grandes empresas, rapidamente uma discussão por medidas que limitassem essas dispensas de tributos começou a se espalhar pelos corredores e gabinetes do congresso.
Voltando ao caso das perdas do RN, nós temos ainda a refinaria que foi para Abreu e Lima (PE), e não para Guamaré, e outros casos. E no final o que nos sobra, a Copa do Mundo porque as outras capitais candidatas não tinham condições melhor do que Natal e o presídio federal, um presente de grego para Mossoró e região.
Com todas essas perdas eu não vi nem um solitário protestar por nada, tudo aqui parece normal, ninguém fala nada quando as coisas não acontecem nem quando se traz um abacaxi para ser engolido com casca e tudo.
Elinaldo Linhares é geógrafo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Jovem e sua identidade Cristã

Charlene Sales
Vivemos em um país cristão. Se perguntarmos aos nossos jovens sobre sua posição religiosa, a maioria provavelmente responderá: Sou cristão. No entanto, essa afirmativa nem sempre condiz com a prática de vida do jovem nos dias atuais.

A palavra cristão foi usada para designar os primeiros seguidores de Jesus Cristo, Este fato está registrado no livro de Atos Cap. 11 vs 26. E até hoje ela deveria identificar os que procuram conhecer Jesus Cristo e segui-lo.

Mas, na verdade o que podemos perceber com tristeza, é que muitos que dizem “sou Cristão”, se envergonham de entrar em uma igreja (local onde os cristão se reúnem) de carregar uma bíblia (livro que contém os princípios cristão) ou de manifestarem qualquer comportamento que seja possível, daqueles que muitas vezes levam a destruição de suas próprias vidas.

O que nos alegra é saber que existem os que não se escondem por trás de uma simples frase “sou Cristão”, mas que realmente o são. Abriram mão de algumas coisas para ganhar outras melhores. tem buscado conhecer o mestre Jesus Cristo , e segui-lo ( mesmo que isso algumas vezes significa ser "diferente" dos demais), para poderem receber o merecido título de Jovens Cristãos.

E você, qual a sua identidade?

Ao pensar sobre isso lembre-se que somos seres criados por Deus e que necessitamos manter comunhão com ele. Essa, se dá através de Jesus Cristo. Conhecer a Jesus e segui-lo significa ser cristão, significa mantermos comunhão com nosso criador.


Charlene Sales é Pedagoga.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Alguns jornaizinhos que fiz em Caraúbas

Anchieta Fernandes

2 – O Juvenil. Na história da imprensa mundial, muitos jornais surgem com o mesmo nome de outro ou outros existentes antes. No Brasil, por exemplo, quantos existiram com os nomes A Gazeta, O Jornal, A Tribuna, O Diário etc. Quando pensei em criar um segundo jornal em Caraúbas, a idéia era direcioná-lo à juventude da minha terra natal. Por isso, escolhí o título O Juvenil, mesmo sabendo que aquí mesmo no Rio Grande do Norte, precisamente na cidade de Caicó, existira desde 13 de dezembro de 1917, o jornal humorístico O Juvenil, fundado e dirigido por Elízio Florizel e Djalma Medeiros.

O meu O Juvenil eu o lancei em Caraúbas, em setembro de 1955, com o sub-título: “Mensário da Juventude Caraubense”. O primeiro número datado precisamente de 4 de setembro de 1955. A pretensão do quase menino podia-se ler no Expediente, onde depois da informação “Propriedade de Editora Particular”, vinha o nome do responsável pelo jornal – José de A. Fernandes Pimenta – e o cargo: Diretor-Gerente-Redator. Na verdade, a “Editora Particular” ficcionada era o recinto do 2º Cartório Judiciário de Caraúbas; que tinha o pai do dito Diretor – Gerente- Redator como titular, e onde datilografei os três números do jornal na velha máquina de escrever “Remington” do cartório ( o último foi o de novembro de 1955).

Neste primeiro número, foram lançadas as seções “Página Poética” (publicando pela primeira vez os meus poemas “Visão da Cruz” e “O Louco”), “O Artigo Escolhido” (o primeiro foi “O Homem Massa e a Saúde”, transcrito do mensário “Saúde” do Serviço Nacional de Educação Sanitária) e “Para Você... Leitor...Um Exemplo de Uma Vida Ilustre” (o primeiro biografado foi Sir Winston Churchill, o Premier Inglês do tempo da 2ª Guerra Mundial). No primeiro número foram também publicados trechos do “Diário de Observações”, de Reinaldo Pimenta, meu pai.

O jornal era datilografado , com cópias em carbono. O título no cabeçalho era formado pela letra “x” em maiúsculas, repetidas várias vezes de maneira a formalizar o título. Em seu número de 18 de setembro de 1955, na coluna “Noticiário do Interior”, com notícias sobre Caraúbas, o jornal “O Mossoroense”, de Mossoró, comentava sobre o Juvenil: “O JUVENIL – Está circulando, nesta cidade, o primeiro número de O JUVENIL – semanário da juventude caraubense – que tem como Diretor-Gerente e Redator o jovem José de Anchieta Fernandes Pimenta. Somos gratos pelo exemplar que nos foi enviado e fazemos votos para que O JUVENIL tenha vida longa”. O colunista (que era o Juíz de Direito de Caraúbas, Dr. José Mozart Menescal) só errou na periocidade do jornal (era mensário e não semanário).

Anchieta Fernandes é escritor e editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”

terça-feira, 16 de março de 2010

O Poder do perdão

Professor Marcos Roberto - Marquinhos



Os Cristãos têm ensinamentos que são maravilhosos à sua consciência se postos em prática! Nesses tempos da quaresma fica mais evidente a necessidade da reflexão e da ação dos ensinamentos de Jesus para à nossa vida espiritual e social/comunitária.


É evidente que a cultura do individualismo e a ideologia do capital intrejectada em nossas mentes pelos "aparelhos ideológicos do Estado", como diria Althusser, castram qualquer possibilidade da vivência desses ensinamentos.


"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito; este o maior e o primeiro mandamento. E aqui tendes o segundo, semelhante a esse: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. - Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos." (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 34 a 40.).


Mas, será que realmente conseguimos amar ao outro como a nós mesmos???? E nós, realmente nos amamos???


Muita gente tem os joelhos esbugalhados da tanto que oram na(s) igreja(s) e no entanto ao sair delas já chutam o primeiro mendigo ou bêbado que aproxima-se... E aí???


Para fazermos o que fazemos de nossas vidas e como tratamos o/a nosso/a irmão/ã e nosso semelhante, penso que então não temos a compreensão "do que é amor", e muito mais distante estamos de entender "o que é amar!"


Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas. (S. MATEUS, cap. VII, v. 12.)


É assim que agimos??? De certo que não. Somos envenenados pelo mal do egoísmo. Podemos até lutar contra este sentimento e este carma, mas somos tomados por ele cada vez que temos de decidir entre "o eu" e "o outro". A ideologia fatalista do capitalismo nos corrói, nos condena ao fracasso perante os ensinamentos de Cristo. Nada disso é tão fácil de se combater, mas é possível.


Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem. (S. LUCAS, cap. VI, v. 31.).


O Mestre nos ensinou. Mas, nem tudo que se é ensinado se aprende, sobretudo por nós ocidentais, corroídos pelo ódio e pelo rancor, sentimentos que matam aos poucos nossa alma e destrói nossa visão de mundo!


Como diz a letra da música da Banda Luxúria: "esse meu ódio é um veneno que se toma querendo que o outro morra”.


Aprender a perdoar. Ter a sensibilidade para entender os ensinamentos do Mestre Jesus! Vamos começar fazendo o jejum da palavra e buscando entender mais e mais o real sentido dos ensinamentos do amor, da comunhão e da fraternidade.


Marquinhos é professor de Sociologia e músico.

domingo, 14 de março de 2010

Dia 14 de Março

Salete Pimenta Tavares

 
14 de Março é o Dia Nacional da Poesia. Nada mais justo do que homenageá-lo citando alguns poetas e poetisas que tão bem representaram e ainda representam a poesia no nosso país.

O filósofo Sócrates, numa citação tirada da Folhinha do Coração de Maria, Editora Ave Maria, Ano 2006, disse:”Não é por sabedoria que os poetas escrevem, mas por uma espécie de gênio e inspiração”. Existe também a expressão popular “De poeta e de louco todos nós temos um pouco”.

Podemos citar alguns destes divinos loucos que na sua inspiração, genialidade ou loucura mostraram a poesia ao mundo: Olegário Mariano (O Meu Brasil); Olavo Bilac (A Mocidade); J. G. De Araújo Jorge (Os Versos Que Te Dou); Castro Alves (O Navio Negreiro); Mário Quintana (Canção de Garoa); Fernando Pessoa (Natal na Província Neva); Auta de Souza (Caminho do Sertão); Cora Coralina (Saber Viver); Cecília Meireles (O Menino Azul); Carlos Drumond de Andrade ( Infância), Vinícius de Morais (Soneto de Fidelidade); Carlos Drumond de Andrade, numa entrevista à imprensa, disse que Vinicius de Morais foi o único poeta que viveu como poeta. Diógenes da Cunha Lima (Jesus Um Nordestino); Anchieta Fernandes (O OLHO) poema processo; Zila Mamede (Mar Morto); Palmira Wanderley (Árvore do Bem); Diva Cunha (Vita Brevis, Ars Longa); Marize Castro (Escrever); Myriam Coeli (Incidência);

Enfim, na minha pequenês de poetisa, venho homenagear esse dia tão importante com essa minha poesia:

“AH! SE EU FOSSE UM POETA”

Se eu fosse um “poeta”
enchia de alegria
os acordes musicais
da vida
com as minhas notas gramaticais.

Se eu fosse um “poeta
enchia de perfume
os canteiros do jardim
com o pólen esvoaçante
do meu lápis
num papel cetim.

Se eu fosse um “poeta”
enchia de fantasia
as escolas de samba
com um soneto místico
de luzes e cores
carregado de magia.

Se eu fosse um “poeta”
transformava naturezas mortas
em versos vivos de emoção
e num soneto à mostra
todo o meu sentimento
carregado de paixão.

Se eu fosse um “poeta”
os meus versos corriam estradas
em lindas arquiteturas
de linhas asfaltadas
e curvas magníficas
de letras futuras.

Se eu fosse um “poeta”
enchia de amor esse mundo desumano,
e na alcova dos meus versos,
na linguagem dos desejos,
nas rimas sem preconceito,
a paz que se tem direito.

Se eu fosse um “poeta”
enchia de felicidade
o livro da vida
com as minhas palavras;
e minhas estrofes rimadas
viviam com intensidade
a liberdade sonhada.

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(Essa poesia foi musicada e gravada por Dudé Viana – CDs Marechal Hermes 95 anos de encontros musicais e Dudé Viana Acústico e ao Vivo)


Salete Pimenta Tavares é escritora e articulista do Jornal "Zona Sul" em Natal.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Resultado do Vestibular: uma lista feita de suor, lágrimas e alegria.

Canindé Costa

Todo ano milhares de jovens vivem a desafiadora e angustiante “odisseia” de enfrentar o Vestibular. Do surgimento do Enem pra cá, as coisas têm mudado um pouco, mas, via de regra, a tensão à espera do resultado ainda aflige, faz roer unhas e tirar o sono de muitos candidatos a uma vaga na Universidade. O que ocorre na verdade, é que mais que uma simples expectativa, esses vestibulandos sentem o peso do novo “desabrochar”, de uma nova fase de vida e das responsabilidades que ela trará. Sabem também que, aprovados, entram para a parcela privilegiada do país, pois a Universidade ainda é oportunidade pra poucos.

Aqui destaco um depoimento de um ex-aluno e vestibulando, que com muita franqueza e sinceridade define melhor que ninguém essa fase importante de nossa vida intelectual: “... passar em um vestibular para alguns significa a coroação (premiação) por todos os anos de dedicação ao estudo, ao mesmo tempo, é uma porta que se abre para uma nova vida, novos desafios a serem vencidos em busca de espaço e respeito no mercado e na sociedade. Ao concluir o Ensino Médio, quase todos os estudantes vivem a expectativa de serem aprovados em algum vestibular, aprovação essa que gera alegria não só ao aprovado como também aos familiares e amigos que festejam a nova fase a ser vivida. Essa é com certeza, uma das melhores sensações: ver a alegria e o orgulho estampados nos rostos dos pais e familiares que sempre nos acompanharam em todas as fases estudantis”.

Nesse período do ano, algumas Universidades divulgam os seus “listões” para a alegria de uns e o desconsolo de outros. Devo dizer àquelas vítimas do ponto de corte ou coisa parecida, que você só ficou agora mais perto da aprovação; seu sonho para que se torne plenamente realizado, só necessita de mais um pouquinho de esforço e dedicação. Aos aprovados, resta agora fazer muita festa! Parabéns! Não foi pequena sua conquista!

A todos que hoje recebem o resultado do seu vestibular, Boa Sorte! Aqui deixo também a saudação de nosso amigo vestibulando que diz: “após receber o resultado do vestibular, caso seja aprovado, comemore com a responsabilidade de um verdadeiro universitário, e de ‘cuca raspada’, isso apenas para os homens é claro!”

Canindé Costa é professor de Sociologia e músico religioso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

SÉRIE ENTREVISTAS

ENTREVISTADO: José Maria Júnior – Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Caraúbas – STTRC


- Dia 07 último, ele completou 37 anos e aproveitamos aqui para deixar os nossos votos de felicidade e sucesso.

O ALPENDRE – Como iniciou nos Movimentos Sociais?


Jr. Olha minha vida não tem sido muito diferente das demais pessoas, nasci no campo, sempre estudei em escola publica inclusive tendo que percorrer 09 (nove) km diariamente de bicicleta (1984 a 1991) entre a comunidade do Rio Umari e a cidade de Olho D’água do Borges para cursar da 5ª serie ao 3º ano do segundo grau; trabalhei na frente de serviço (programa de emergência) no inicio da década de 80 (oitenta) e terminando o segundo grau fui indagado por minha família se gostaria de fazer o vestibular ou se queria ir para São Paulo; imagine, optei em ir para São Paulo. Fiquei por 06 (seis) meses não me adaptei aquela realidade maluca e voltei, logo em seguida fui convidado para lecionar no ensino fundamental (governo Caraubas em Paz) entregando o cargo 05 (cinco) meses depois, época em houve o maior desastre na educação publica de Caraúbas, estive em Brasília também não gostei e vim embora. Em 1995 fui convidado a fazer parte da associação local (Associação Comunitária Rural de Abderramant) e em janeiro de 1999 passei a presidi-la, a partir daí comecei a criar laços mais fortes com o restante do município de Caraúbas, e no mesmo ano fui eleito suplente de delegado sindical de base, como o titular era professor e não pode se dedicar, acabei assumindo o trabalho; tornei-me vice-presidente deste sindicato em maio de 2002 e a partir de 2005 Presidente, cargo que assumo até hoje (segundo mandato). a entre a comunidade do rio umari e a cidade de Olho D’água do Borges

O ALPENDRE – Fazendo uma retrospectiva, como você analisa a presença do Governo Federal (atual e anteriores) nas políticas do campo?

Jr. Sem dúvida existe um grande diferencial, pois nunca se olhou com tanta atenção e determinação não só para o campo como também para as classes sociais menos favorecidas, porem existem alguns gargalos como por exemplo (considero este o mais grave) a reforma agrária, instrumento que mais pode contribuir para a redução da pobreza e da concentração de riquezas não consegui avançar, pelo contrário, sofreu retrocessos. O ultimo senso agropecuário do IBGE mostra claramente esta disparidade na distribuição da terra no território nacional.

O ALPENDRE – Para você, o que é Justiça Social?

Jr. Distribuição justa das riquezas e conseqüentemente Igualdade de direitos.

O ALPENDRE – Nos últimos oito anos, vimos ascender no Brasil um cenário muito favorável ao aparecimento de Ongs na defesa das mais variadas causas. De maneira nacional e local, como você analisa a presença dessas instituições no tocante à melhoria de vida do povo?

Jr. Tem sido uma de nossas lutas e conseguimos implementar a partir da realização dos nossos GTB’s (Grito da Terra Brasil- mobilizações de trabalhadores e trabalhadoras rurais do Brasil, ano passado aconteceu o 15º ) a criação de um sistema de assessoria técnica não estatal (daí o surgimento das ONG’s) haja vista que a oferecida era e ainda é insuficiente. Vejamos a situação de nossa EMATER, dois ou três profissionais para uma demanda de aproximadamente duas mil famílias. Neste sentido estas têm sido de fundamental importância na implementação de projetos e políticas publicas não só voltadas para o campo mais também para a cidade, nosso município é um exemplo.

O ALPENDRE – Olhando para o nosso contexto local de sociedade civil organizada, o que ainda falta para empreendermos avanços mais significativos que os já obtidos?

Jr. Acredito que uma maior conscientização política, a partir de dirigentes e da sociedade como um todo, unir os movimentos do campo e da cidade, maior capacidade de mobilização, intervenção e ocupação dos espaços públicos.

ALPENDRE - Resuma para os leitores do alpendre como se encontram organizados os trabalhadores rurais do nosso município, citando as instituições envolvidas:

Jr. A começar colocamos que tudo se iniciou com a criação de Delegacias Sindicais (Cachoeira e São Geraldo) outras vieram em seguida, hoje são 11 (onze): Cachoeira, São Geraldo, Rio Umari, Santo Antonio, Olho D’água do Milho, Mariana, Volta do Juazeiro, Mirandas, Santa Agostinha, Igarapé e Lajes do Livramento; o FOCAMPO, aglutinando mais de 50 (cinqüenta) associações, divididas em 05 (cinco) regiões e 10 (dez) pólos, capitaneados pelo nosso Sindicato. Ainda existem a ATOS e o Centro Sabe Muito alem da EMATER alem de outros externos.

O ALPENDRE – Que espaço ocupa Deus no coração do militante “Júnior do Sindicato”?

Jr. O espaço do ser maior, capaz de todas as coisas e condutor de nossas vidas.

O ALPENDRE – Especula-se em alguns meios de comunicação local uma provável candidatura sua à cadeira do Executivo do nosso município. Perguntamos se de fato há essa possibilidade e assim sendo, qual a importância de termos um nome ligado às bases e aos Movimentos Sociais como candidato a prefeito de Caraúbas?

Jr. Temos a compreensão de que só teremos um governo justo quando ocupando o poder estiver alguém que seja formado nos meios, este projeto sempre foi trabalhado, é uma orientação do nosso movimento sendo que o nome, o tempo e a conjuntura vão dizer.

O ALPENDRE - Caso haja a confirmação desse projeto, teria ele um perfil de "terceira via" evento já muito discutido entre organizações da sociedade civil?

Jr. Na conjuntura atual e assim se mantendo, teria que ser.

O ALPENDRE - O blog abre aqui um espaço final para sua mensagem aos nossos leitores:

Jr. Inicialmente, agradecer o espaço, o convite afirmando a nossa felicidade em poder externar para os/as leitores/as deste veículo de informação, um pouco de nosso trabalho, do nosso dia a dia; colocarmos a disposição para qualquer que seja a necessidade e mais uma vez afirmar que os movimentos sociais, a sociedade organizada de modo geral é quem tem contribuído para as mudanças mais profundas neste país; neste sentido tenho certeza que mesmo em que pese alguns retrocessos o nosso município tem feito sua parte.

terça-feira, 9 de março de 2010

Alguns jornaizinhos que fiz em Caraúbas

Anchieta Fernandes

Desde menino, tenho a vocação, a mania de escrever. Desde cedo me fascinou a leitura de jornais. Atualmente, escrevo para jornais, sendo inclusive o editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”. Mas, antes de me tornar profissional do jornalismo não tive paciência de esperar: em Caraúbas, antes de vir morar em Natal, fiz dois jornais datilografados, e fiz os primeiros números de um jornal manuscrito. Amadorismo puro. Vejamos como eram esses jornais caraubenses, que pouca gente sabe que existiram.

1- O Popular. Este foi o primeiro jornal que fiz. Eu tinha 14 anos, e ainda residia em Caraúbas. Usei o método de datilografá-lo (título no cabeçalho composto com o tipo “x” em caixa alta, repetido várias vezes formalizando o título) na velha máquina de escrever da marca “Remington”, no 2º Cartório Judiciário de Caraúbas, responsável pelos registros civís de nascimentos, casamentos e óbitos, e do qual meu pai era o titular, e tirando umas três ou quatro cópias em carbono, (na época, em Caraúbas ainda não existiam máquinas de cópias xerográficas). O primeiro número circulou datado de 30 de janeiro de 1953. Lancei um segundo número a 06 de fevereiro do referido ano. A pretensão do adolescente com vocação para jornalista era grande: tinha Expediente, com José de Anchieta Fernandes como Diretor; Reinaldo Pimenta Filho (meu pai) como Gerente, e Kerginaldo Fernandes (meu irmão) como Redator. No espaço do Expediente vinha o aviso: “A redação não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos de colaboração devidamente assinados”.

Na primeira página deste primeiro número as seguintes matérias: “Escapou por milagre”, reportagem policial e sensacionalista, sobre um disparo de tiro por um jovem sobre outro jovem, em plena zona do comércio de Caraúbas; “Viajou a Mossoró”, notícia social sobre viagem corriqueira de Reinaldo Pimenta Filho (o “Gerente” e colaborador do jornal) a Mossoró; um agradecimento da família Fernandes Pimenta “a todas as pessoas que compareceram à missa por alma de sua bondosa mãe, avó, sogra etc”; “Os Ìndios Gaviões atacam brancos”, reportagem noticiosa nacional sobre um ataque de índios ao povoado Ribeirinha de Paraná, no Estado do Pará.
E mais: uma propaganda da novela “O Direito de Nascer”, cedida pela revista “Rádio Teatro”; publicidade da Casa Bancária S. Gurgel, do comércio de Mossoró. Neste primeiro número foram lançadas as colunas “Notas Sociais”, “Poesia” (a primeira poesia publicada foi “Caraúbas”, de autoria do “Redator” do jornal Kerginaldo Fernandes); “Seção de Livros” ( os “livros” anunciados eram, nada mais nada menos que “Minha Recordação” de Kerginaldo Fernandes; “Biografias de Homens Ilustres”, de José de Anchieta Fernandes; e “Vida de São Francisco de Assis”, também de José de Anchieta Fernandes. Eram livrinhos escritos à mão, de poucas páginas, exemplar único, e que minha mãe, Giselia Gurgel Fernandes, com doçura e engenhosidade costurava por dentro de uma capa de cartolina, com o título de cada livro desenhado por mim) e “Indicador Profissional”

A última página do jornal, tanto no primeiro como no segundo número , foi reservada à publicidade do 2º Cartório Judiciário, e à publicação de um artigo escrito por Reinaldo (na realidade, ele não escrevera para o jornal; eu sintetizava crônicas que ele escrevia para o programa “Hora Católica de Caraúbas”, que era transmitido todos os sábados através dos autos-falantes da Divulgadora Caraubense. O primeiro artigo eu intitulei “Educação Paterna”; e o segundo, “O Casamento em Face da Sociedade Moderna”).

Breve, em outra colaboração para o Blog, falarei sobre o outro jornal datilografado que fiz em Caraúbas.


Anchieta Fernandes é escritor e editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”

segunda-feira, 8 de março de 2010

“Um espaço da boa prosa, o lugar de boas ideias”.

Canindé Costa

Bater um papinho é muito salutar. Não há quem não reserve – por mais ocupação que tenha – um espaço no seu dia para, pelo menos, trocar uma ideia com o seu grupo ou amigo predileto. Aquela descontração, aquela informalidade é um verdadeiro bálsamo para as feridas que o estresse contemporâneo tem nos causado.


É interessante notar porém, que o exercício da conversa,do debate ou discussão, ultrapassa esse campo da neutralidade, da amistosidade, para tornar-se o elemento mais poderoso de todos os tempos: a força da palavra move o mundo. Foi assim com os grandes conquistadores de nossa História, foi assim com os importantes pacifistas como Gandhi e Luther King, e é assim com todos aqueles que emprestam sua voz e sua inteligência na construção de ideologias, muitas vezes nem sempre positivas, como as que nortearam o genocídio no Nazismo.

Quando imbuída de bons propósitos, A Palavra rende frutos memoráveis para a história de um povo. Usufruímos hoje de conceitos construídos lá na Grécia Antiga com os filósofos, da sabedoria milenar dos orientais, dos grandes ideais cristãos deixados por Jesus e finalmente da eterna capacidade que tem o homem de tornar-se melhor a partir da livre vontade de orientar sua conduta para o bem. É esperado e desejado por todos que cultivam boas atitudes em sociedade, que toda palavra proferida seja usada para tornar essa sociedade melhor, mais digna, mais livre. “O Alpendre” não quer apenas ocupar um espaço virtual, mas servir através de sua atividade como esse lugar da boa prosa, prosa educativa, formadora, cidadã.



Canindé Costa é professor de Sociologia e músico religioso.

sábado, 6 de março de 2010

O alpendre e o Alpendre...

Estar no alpendre de uma casa é estar no lugar mais livre e mais leve! Sem dúvidas a liberdade se faz aqui neste alpendre também...
Um espaço que se propõe ao novo, ao belo!
Deslizar sobre o teclado com o objetivo de estar no alpendre! Taí... legal isso! Como diz alguns de meus alunos: "é maneiro, isso!"
O alpendre é o espaço entre a casa e a rua ou o pátio/terreiro... O Alpendre é o espaço entre o texto/post e o leitor/co-autor! Felizes estamos por poder aqui nos fazermos presente. Vamos cuidar do nosso Alpendre e permitr que os que aqui "se abanquem" sintam-se em casa e bem. Mas também "à vontade" para criticar e sugerir. Afinal, conversas no alpendre não têm a mínima graça sendo monólogos.
Ah! Ia me esquecendo: não podemos deixar juntar poeira no piso do Alpendre, nem teias de aranhas em seu teto!
Abraços aos companheiros e companheiras desta prosa...

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Alpendre! Ah! O Alpendre

Salete Pimenta

Já faz muito tempo, isso nos anos 50, eu fui morar numa fazenda de um tio, chamada “Quixaba”. A casa grande da fazenda era num alto (não sei como ela se encontra atualmente), e constava de um alpendre, de onde se avistava quase todo o pátio da fazenda e o seu enorme açude.
 Do alpendre da fazenda, as noites de luar encantavam a todos, principalmente a mim, que não estava acostumada com aquela beleza: o brilho da lua refletido nas águas, como um enorme espelho.

Durante o dia, o alpendre parecia mais triste, pois os moradores da fazenda saiam cedo para a labuta do dia: roçado, capinagem, a luta com o gado iniciando com o tirar do leite e o encaminho do mesmo para o pasto, além das várias outras atividades que a moradia na fazenda exige.

Mas, à noite, o alpendre criava “alma nova”; era ali que se concentrava quase todos os moradores da fazenda e onde se ouvia histórias de todos os tipos, alegres, tristes, mal assombradas, de gente corajosa, de gente medrosa; as histórias, muitas vezes, histórias de “trancoso”, contadas por aquela gente simples e humilde, mas de uma cultura popular de fazer inveja a qualquer doutor, animava a noitada. O alpendre, nas noites enluaradas, era palco de apresentações de violeiros, de sanfoneiros, de pandeiristas, onde até se dançava um bom forrozinho. Era ali, também no alpendre da fazenda, que acontecia as debulhadas (extração dos grãos das cascas do feijão) espalhadas em enormes esteiras de palha, rodeadas de gente sentada no chão, no trabalho da debulha, a ouvir as famosas histórias. O meu tio, apesar de muito calado e muito sério, quase sempre participava daquelas histórias; com um sorriso meio maroto, parecia confirmar a verdade daquele fato.


Tudo lembranças!...

Maria da Salete Fernandes Pimenta Tavares é escritora e articulista do Jornal Zona Sul de Natal/RN.