Anchieta Fernandes
Desde menino, tenho a vocação, a mania de escrever. Desde cedo me fascinou a leitura de jornais. Atualmente, escrevo para jornais, sendo inclusive o editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”. Mas, antes de me tornar profissional do jornalismo não tive paciência de esperar: em Caraúbas, antes de vir morar em Natal, fiz dois jornais datilografados, e fiz os primeiros números de um jornal manuscrito. Amadorismo puro. Vejamos como eram esses jornais caraubenses, que pouca gente sabe que existiram.
1- O Popular. Este foi o primeiro jornal que fiz. Eu tinha 14 anos, e ainda residia em Caraúbas. Usei o método de datilografá-lo (título no cabeçalho composto com o tipo “x” em caixa alta, repetido várias vezes formalizando o título) na velha máquina de escrever da marca “Remington”, no 2º Cartório Judiciário de Caraúbas, responsável pelos registros civís de nascimentos, casamentos e óbitos, e do qual meu pai era o titular, e tirando umas três ou quatro cópias em carbono, (na época, em Caraúbas ainda não existiam máquinas de cópias xerográficas). O primeiro número circulou datado de 30 de janeiro de 1953. Lancei um segundo número a 06 de fevereiro do referido ano. A pretensão do adolescente com vocação para jornalista era grande: tinha Expediente, com José de Anchieta Fernandes como Diretor; Reinaldo Pimenta Filho (meu pai) como Gerente, e Kerginaldo Fernandes (meu irmão) como Redator. No espaço do Expediente vinha o aviso: “A redação não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos de colaboração devidamente assinados”.
Na primeira página deste primeiro número as seguintes matérias: “Escapou por milagre”, reportagem policial e sensacionalista, sobre um disparo de tiro por um jovem sobre outro jovem, em plena zona do comércio de Caraúbas; “Viajou a Mossoró”, notícia social sobre viagem corriqueira de Reinaldo Pimenta Filho (o “Gerente” e colaborador do jornal) a Mossoró; um agradecimento da família Fernandes Pimenta “a todas as pessoas que compareceram à missa por alma de sua bondosa mãe, avó, sogra etc”; “Os Ìndios Gaviões atacam brancos”, reportagem noticiosa nacional sobre um ataque de índios ao povoado Ribeirinha de Paraná, no Estado do Pará.
E mais: uma propaganda da novela “O Direito de Nascer”, cedida pela revista “Rádio Teatro”; publicidade da Casa Bancária S. Gurgel, do comércio de Mossoró. Neste primeiro número foram lançadas as colunas “Notas Sociais”, “Poesia” (a primeira poesia publicada foi “Caraúbas”, de autoria do “Redator” do jornal Kerginaldo Fernandes); “Seção de Livros” ( os “livros” anunciados eram, nada mais nada menos que “Minha Recordação” de Kerginaldo Fernandes; “Biografias de Homens Ilustres”, de José de Anchieta Fernandes; e “Vida de São Francisco de Assis”, também de José de Anchieta Fernandes. Eram livrinhos escritos à mão, de poucas páginas, exemplar único, e que minha mãe, Giselia Gurgel Fernandes, com doçura e engenhosidade costurava por dentro de uma capa de cartolina, com o título de cada livro desenhado por mim) e “Indicador Profissional”
A última página do jornal, tanto no primeiro como no segundo número , foi reservada à publicidade do 2º Cartório Judiciário, e à publicação de um artigo escrito por Reinaldo (na realidade, ele não escrevera para o jornal; eu sintetizava crônicas que ele escrevia para o programa “Hora Católica de Caraúbas”, que era transmitido todos os sábados através dos autos-falantes da Divulgadora Caraubense. O primeiro artigo eu intitulei “Educação Paterna”; e o segundo, “O Casamento em Face da Sociedade Moderna”).
Breve, em outra colaboração para o Blog, falarei sobre o outro jornal datilografado que fiz em Caraúbas.
Anchieta Fernandes é escritor e editor do jornal cultural natalense “O Rio Grande”
Gostaria de saber mais sobre a Família Fernandes Pimenta, pois meu pai, nasceu em Natal e tinha esse sobrenome, que herdei. Atualmente moro no Rio de Janeiro. Meu e-mail é alexpiment@yahoo.com.br
ResponderExcluirObrigado.