Salete Pimenta
Já faz muito tempo, isso nos anos 50, eu fui morar numa fazenda de um tio, chamada “Quixaba”. A casa grande da fazenda era num alto (não sei como ela se encontra atualmente), e constava de um alpendre, de onde se avistava quase todo o pátio da fazenda e o seu enorme açude.
Do alpendre da fazenda, as noites de luar encantavam a todos, principalmente a mim, que não estava acostumada com aquela beleza: o brilho da lua refletido nas águas, como um enorme espelho.
Durante o dia, o alpendre parecia mais triste, pois os moradores da fazenda saiam cedo para a labuta do dia: roçado, capinagem, a luta com o gado iniciando com o tirar do leite e o encaminho do mesmo para o pasto, além das várias outras atividades que a moradia na fazenda exige.
Mas, à noite, o alpendre criava “alma nova”; era ali que se concentrava quase todos os moradores da fazenda e onde se ouvia histórias de todos os tipos, alegres, tristes, mal assombradas, de gente corajosa, de gente medrosa; as histórias, muitas vezes, histórias de “trancoso”, contadas por aquela gente simples e humilde, mas de uma cultura popular de fazer inveja a qualquer doutor, animava a noitada. O alpendre, nas noites enluaradas, era palco de apresentações de violeiros, de sanfoneiros, de pandeiristas, onde até se dançava um bom forrozinho. Era ali, também no alpendre da fazenda, que acontecia as debulhadas (extração dos grãos das cascas do feijão) espalhadas em enormes esteiras de palha, rodeadas de gente sentada no chão, no trabalho da debulha, a ouvir as famosas histórias. O meu tio, apesar de muito calado e muito sério, quase sempre participava daquelas histórias; com um sorriso meio maroto, parecia confirmar a verdade daquele fato.
Tudo lembranças!...
Maria da Salete Fernandes Pimenta Tavares é escritora e articulista do Jornal Zona Sul de Natal/RN.
adorei a primeira postagem do blog parabéns
ResponderExcluirvcs com esses trabalhos so fazem enriquecer
nosso municipio valeu continue a sim..
Esse Blogger, tem tudo para ser um Sucesso na WEB, pois contará a realidade de meu Sertão Nordestino...PARABÉNS CAROS EDITORES.
ResponderExcluirÉ um prazer chegar até este Alpendre, olhar em volta e voltar no tempo. Quem de nós nordestinos de raízes fortes, nunca sentou num alpendre pra papear, tomar um cafezinho, desbulhar feijão, receber a vizinhança?
ResponderExcluirParabéns pela idéia. Daqui do Rio de Janeiro, vou está todo dia sentando um poquinho com vocês e sabendo as notícias da terrinha. Abraços!
Eu não sei escrever como você, minha prima, mas, se o fizesse, seria exatamente como você descreveu aquelas noites no alpendre da Quixaba, aonde passei várias férias e feriados, quando ainda muito menina, morando em Caraúbas....
ResponderExcluirTudo lembranças, como diz voce.
E que lembranças!!!